O ano de 1977 marcou o retorno do movimento estudantil à cena pública. Os estudantes se reorganizavam desde o final da década anterior, recolocando suas entidades em funcionamento, mesmo com a vigência do decreto 477 que, desde 1969, tentava banir das universidades toda discussão política.
Ao mesmo tempo, ampliava-se a oposição popular à Ditadura Militar, com a entrada de novos atores políticos em cena, como operários, negros e mulheres. Nesse ambiente, um episódio rotineiro em tempos de repressão serviu de estopim para colocar os jovens de volta nas ruas. No dia 1º de maio, em São Paulo, oito militantes da Liga Operária foram presos.
O caso reacendeu a discussão sobre as prisões ilegais e deflagrou uma onda de manifestações por todo o país. No Rio de Janeiro, o ato foi organizado por estudantes da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio). Juntaram-se também alunos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Fefierj).
Marcada para 10 de maio, a manifestação foi proibida pela Secretaria de Segurança do estado. O bairro da Gávea, nas imediações da PUC-Rio, foi tomado pelas forças policiais. Ainda assim, mais de sete mil pessoas se reuniram nos pilotis da universidade carioca: estudantes, professores e funcionários, representantes estudantis de outros estados, políticos, líderes sindicais e familiares de presos, desaparecidos e exilados.
Pela primeira vez em anos, discutiram-se abertamente questões ligadas não somente ao movimento estudantil, mas a demandas políticas específicas, divulgadas depois em carta aberta. A luta contra a Ditadura voltava, enfim, a ser pauta dos estudantes, com gritos de ordem pelas liberdades democráticas e pela liberdade de expressão.
Este texto foi elaborado pela pesquisadora Pauliane de Carvalho Braga do Projeto República (UFMG).