Rio de Janeiro, 07 de maio de 2021.
Querida bisavó Maria,
Estou tão feliz de lhe escrever uma carta.
Minha mãe me conta diversas histórias sobre a senhora. Principalmente de quando ela era pequena, ficava na beirada do seu avental, e a senhora dizia “Rasteparta que essa garota não fica quieta!”
Minha mãe ainda preserva seu caderno de orações, que tem alguns registros escritos por você de sua vida. Ela nos ensina a cuidar desse caderno como uma herança de família. Ela o lê para mim e sempre demonstra o quanto te ama, como você foi um grande exemplo para ela, e que se estivesse viva iria amar a mim e a meu irmão. Que você sempre dizia que ela iria realizar o desejo dela de ter um lindo casal de filhos como sempre sonhou.
Infelizmente, estamos em uma pandemia. Seu filho Henrique, que era como um tio para mim, faleceu devido a essa praga. Sua filha Maria Belizanda, ou como eu a chamava, “dada”, minha madrinha, também faleceu devido ao câncer.
Espero que eles estejam aí no céu com a senhora, olhando por toda a nossa família. Felizmente, minha avó Marina, sua filha Teresa, seu filho Paulo e seu filho Neca estão bem, dentro do possível, nesse período de tantas incertezas.
Espero que estejas orgulhosa de mim e de minha mãe. Que nossas escolhas sigam o caminho de felicidade que a senhora desejava para nós. E que você ajude, aí de cima, meu irmão com seus conflitos existenciais, guiando-o para um futuro promissor.
Com amor,
Belle.