No alto de uma ladeira em Santa Teresa, com uma das vistas mais deslumbrantes da cidade, está o Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas. Unindo passado e presente, o parque oferece uma programação variada e de seu mirante localizado no último andar, é possível avistar parte da Baía de Guanabara e alguns dos mais bonitos cartões postais do Rio, como o Pão de Açúcar, o Cristo Redentor e os Arcos da Lapa.
O palacete que ali existiu foi construído na segunda metade do séc. XIX e pertenceu a Joaquim Duarte Murtinho Nobre, famoso médico e um dos pioneiros da homeopatia no Brasil. Mas os “anos de ouro” chegaram nos anos 1910, quando Laurinda Santos Lobo, sobrinha de Joaquim Murtinho, herdou a propriedade. Laurinda, figura de destaque na sociedade carioca e considerada mecenas das artes, reformou o palacete, dando-lhe um ar neocolonial.
Com decoração interna baseada nos salões literários de Paris e cômodos luxuosos, a casa foi um importante ponto de encontro de artistas modernistas durante as décadas de 1920 e 1930 e os inúmeros saraus e festas promovidos por Laurinda eram frequentados por figuras proeminentes da época como Villa Lobos, Tarsila do Amaral, Isadora Duncan e João do Rio: este último, inclusive, chamou Laurinda de “Marechala da Elegância”.
Com a morte de Laurinda Santos Lobo em 1946, o palacete foi deixado em testamento para a Sociedade Homeopática, que nunca tomou posse do imóvel. O local ficou abandonado e ao longo dos anos foi saqueado e chegou a ser invadido por pessoas em situação de rua e por um traficante, que sublocava o terreno a algumas famílias.
No início dos anos 90 o imóvel foi tombado e a Prefeitura do Rio convidou os arquitetos Ernani Freire e Sônia Lopes para desenvolveram a restauração do local. O projeto final contemplou a união de estruturas metálicas e vidro às ruínas do palacete neocolonial, mantendo referências ao passado glamouroso sem apagar as memórias do abandono. O Parque das Ruínas foi inaugurado em 1997 e, além do prédio principal, possui auditório para 100 pessoas, palco e cafeteria.