Mercado

No Brasil, as expressões de fé, a intimidade com o sagrado e o espanto com os ritos comunitários que trançam o que muitos chamam de religiosidade tem cor, gosto, cheiro, som, ritmo e corpo. Assim, não há ambiente mais propício para que essas coisas batam perna do que um bom e velho mercado. O Mercadão de Madureira, conhecido também como “mercado da macumba”, há de tudo para se fazer uma boa fé: da vela ao fumo às bancas do jogo do bicho, do santo cristão ao pagão. Aliás, se tem uma coisa que o carioca sabe fazer é negociar com santos: a intimidade com as santidades são seladas nas promessas que hão de ser pagas, ninguém nega, tudo no seu tempo. Nas terras dos tupinambás encruzadas por assombrações, santidades e místicas que atravessaram o oceano aspectos como jogo, sorte e azar são cartas importantes do nosso baralho.  Nessa impressão do mistério enquanto jogo, quem muito trouxe para o imaginário e para a vida carioca são os povos ciganos, que evocam suas magias e costumes para dentro da cumbuca.