Um estampido seco é acompanhado de uma faixa de luz que, feito estrela cadente, corta o céu noturno. Pouco depois, os rojões explodem no alto do morro, indicando mais um dia de confrontos. Há um lado sombrio na paisagem sonora que ocupa o cotidiano de quem vive no Rio. Sons que causam pavor. Música produzida por carros blindados e fuzis. A gritaria do arrastão na praia ou no túnel. O estampido da bala que chamam de “perdida”, mas que em geral encontra uma vítima. E ela quase sempre é negra, pobre, moradora dos subúrbios ou das favelas.