A urbanização do Rio de Janeiro alcançou seu auge com os vice-reis pombalinos, no século XVIII. Por mais que a cidade não tivesse as marcas tradicionais do barroco europeu, ele estava presente na nova dimensão espacial.
A paisagem urbana do Rio girava em torno dos largos, e suas ruas terminavam em construções. A organização espacial de igrejas e prédios públicos produzia um desenho arquitetônico que fazia a cidade barroca parecer mais iluminada. Essa estratégia construtiva foi fruto das ideias e técnicas de engenheiros militares, arquitetos e arruadores que pensaram o espaço urbano no século XVIII.
O Largo do Carmo, por exemplo, foi remodelado para acompanhar as transformações de um Rio de Janeiro que crescia vertiginosamente. O lugar onde funcionava, desde 1743, a residência dos governadores, a partir de 1763, foi transformado no Palácio dos Vice-Reis. O largo ganhou uma grande praça calçada com pedras, um cais em cantaria com escadas e rampas, além do chafariz construído pelo Mestre Valentim (1789) que substituiu o anterior erguido por ordem do governador Gomes Freire, em 1747. A monumentalidade da área foi realçada pela nova fachada do Palácio dos Vice-Reis, a presença das igrejas ao fundo e pelo calçamento em forma estelar, direcionando o olhar para o centro da praça, o que fez ressaltar a sua imponência.
A disposição dos edifícios, o tratamento dado ao calçamento e o mobiliário do centro urbano foram pensados para produzir uma teatralidade que impressionasse quem chegasse à cidade. O Largo do Carmo representava uma versão simplificada das grandes praças europeias, com o mesmo encanto visual.
Outra característica das intervenções do período foram os jardins públicos, responsáveis por introduzir elementos novos no cenário urbano. O primeiro deles foi inaugurado em 1783, a partir do aterramento da Lagoa do Boqueirão da Ajuda: o Passeio Público. Com a orientação iluminista dos vice-reis pombalinos, a cidade ganhou a presença da razão social e da artificialidade – elementos barrocos que encantavam os transeuntes.