No final da década de 1970 começou o processo lento e controlado, de abertura política. Atendendo à pressão da ampla mobilização popular, foi concedida a anistia aos exilados políticos e o pluripartidarismo retornou ao Brasil, o que abriu espaço para a entrada de uma nova corrente no campo político carioca, o brizolismo que abraçou as minorias não representadas no debate da democracia que se construía na década de 1980. Com uma estratégia de campanha focada na insatisfação com o regime civil-militar, em 1982, o gaúcho Leonel de Moura Brizola, fundador do Partido Democrático Trabalhista (PDT), conquistou uma vitória apertada para o governo do estado do Rio e acabou marcando, por quase duas décadas, os rumos políticos da cidade.
Ao longo da década de 1980, a força do brizolismo na cidade do Rio de Janeiro foi cada vez maior e dois brizolistas se sucederam na prefeitura: Saturnino Braga, em 1985, e Marcello Alencar, em 1988. Neste período, não foram elaborados planos diretores para a cidade do Rio de Janeiro, pois o foco da administração se transferiu das grandes intervenções urbanas para as questões sociais, com o enfrentamento direto da pobreza. Destacou-se, neste cenário, a nova relação com as favelas e a opção pela urbanização desses espaços. Sob a responsabilidade da Secretaria de Habitação e Trabalho, o governo do estado lançou o programa “Cada família, um lote”, que legalizou, no fim do governo, cerca de 41 mil lotes e unidades habitacionais, entregando títulos de propriedade em conjuntos habitacionais, favelas e loteamentos clandestinos em todo o estado.
Ainda no âmbito das favelas, houve uma melhoria na infraestrutura com a implementação de programas como o Proface de água e esgoto e o “Uma luz na escuridão”, de implantação de rede elétrica nas comunidades do interior do estado.
Cabe lembrar a importância do projeto dos Centros Integrados de Educação Pública, os Cieps, escolas onde a criança permanecia por tempo integral, tinha direito a cinco refeições diárias, banho, atendimento médico e dentário e espaço para socialização e esporte. Com arquitetura de Oscar Niemeyer, os Cieps pretendiam ser os símbolos edificados de uma nova nação que se firmaria com a liderança de Brizola.
A construção do primeiro Ciep da cidade foi associada a outro importante projeto: a Passarela do Samba, ou, como ficou conhecido, o Sambódromo. Ali, onde também foi erguida uma escola para 16 mil crianças, se encontravam a cultura escolar e a cultura popular do carnaval.