Autores: Maria Eduarda De Queiroz Oliveira, Ana Carolina Moreno Neves e Julia Dias Leite
Após inúmeras tentativas mal sucedidas de retirar o Vasco da Liga Metropolitana de Desportos Terrestres, os clubes elitistas da época – Flamengo, Botafogo e Fluminense – criaram a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (AMEA), que só permitia a entrada do time que tivesse um estádio em boas condições e exigia que fossem dispensados jogadores que tivessem “profissões duvidosas”. Não coincidentemente, a exigência recaía sobre os jogadores negros. Por meio de uma carta histórica, o então presidente cruzmaltino José Augusto Prestes declarou: “(…) seria um ato pouco digno de nossa parte sacrificar, ao desejo de filiar-se à AMEA, alguns dos que lutaram para que tivéssemos, entre outras vitórias, a do Campeonato de Futebol da Cidade do Rio de Janeiro de 1923 (…)”. Assim recusou-se a cumprir as exigências da AMEA e permaneceu na abandonada Liga Metropolitana.
Aí começa a história do Estádio Vasco da Gama, mais conhecido como São Januário. Com uma campanha de fundos para a sua construção, os torcedores arrecadaram 685 contos e 895 mil réis. O estádio foi inaugurado em 21 de Abril de 1927 no até então bairro de São Cristóvão (que se tornou Bairro Vasco da Gama após o desmembramento).
O torcedor vascaíno Pedro Miklas retrata a sua conexão com o estádio: “São Januário pro torcedor vascaíno é um patrimônio, é a sua segunda casa, quando o Vasco foi excluído pelo alto escalão que comandava os campeonatos por aceitar negros e operários e não ter um estádio, esses mesmos entenderam que o Vasco não se baseava em classe social ou cor, e com valentia e coragem construíram o que na época foi o maior estádio do Brasil, onde já houve desfile de escola de samba, onde na década de 1940 e 1950 o presidente Getúlio Vargas fez anúncios históricos e hoje esse estádio de mais de 90 anos traz muito orgulho ao torcedor. São Januário é mais que um estádio para nós, São Januário é um Patrimônio e um símbolo de muita valentia e orgulho.”
Pedro também relata a sensação de pisar no São Januário pela primeira vez: “Foi bem marcante, foi num domingo à tarde, o Vasco se reencontrava no Brasileirão e tinha no time jogadores como Fagner, Dedé, Carlos Alberto e Zé Roberto – autor do gol da vitória por 1×0. Ver o calor da torcida mexe muito com o sentimento aflorado do vascaíno, São Januário é um estádio com a cara do Vasco, a torcida entra em campo com o time e o adversário sente isso.”
A história da criação da Colina Histórica se repete nos dias de hoje. Em 2019, fizeram a maior campanha de associação em massa de um clube do mundo, passando de cerca de 33 mil a mais de 180 mil torcedores em pouco mais de 2 semanas. Além disso, arrecadou aproximadamente R$5,8 milhões em uma campanha de financiamento coletivo, para a construção do Centro de Treinamento em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O clube continua sendo sinônimo de representatividade, sempre se posicionando em lutas antirracistas e a favor da comunidade LGBTQIA+.
É incrivelmente contagiante essa paixão do torcedor cruzmaltino, revivendo essas memórias e fazendo jus ao nome Gigante da Colina. “Eu me senti o menor de todos os vascaínos, porque todos cantavam, gritavam, pulavam e eu só sabia gritar ‘VAAAAAAASCO!’ Desde então quis ir mais vezes ao estádio conhecer todas as canções, fazer parte desse 12° jogador.” – Pedro Miklas.
Bibliografia:
Club de Regatas Vasco da Gama. Wikipedia, 2021. Disponível em: https//:pt.en.wikipedia.org/wiki/Club_de_Regatas_Vasco_da_Gama
1923 – Os Camisas Negras. Vasco da Gama, 2021. Disponível em: https://vasco.com.br/historia/
1924 – A Respostas Histórica. Vasco da Gama, 2021. Disponível em: https://vasco.com.br/historia/
Professoras: Elisabete Ferreira e Helen Padilha
Turma: GTR 201