Quem viveu na cidade do Rio de janeiros entre os anos de 1946 e 1952 viu nascer um dos projetos mais emblemáticos da arquitetura moderna brasileira: o Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, atualmente conhecido como Pedregulho. O projeto nasceu em resposta aos crescentes problemas de habitação da cidade, onde favelas e moradias precárias cresciam exponencialmente.
Projetado pelo arquiteto Affonso Reidy para abrigar os funcionários públicos do Distrito Federal (o Rio de Janeiro), é uma obra-prima da arquitetura moderna. Os princípios defendidos por Le Corbusier e a plasticidade de Oscar Niemeyer estão presentes no projeto. Do programa corbusiano a influência aparece nas soluções aplicadas na tecnologia da construção, nas decisões que competem a iluminação, ventilação e facilidade de circulação. Da influência de Oscar Niemeyer, aparecem soluções plásticas como as linhas curvas e os desenhos ondulantes.
Constituído como unidade de vizinhança, o conjunto foi projetado para abrigar centenas de famílias e oferecer uma diversidade de serviços: residências, escola, posto de saúde, lavanderia, mercado, entre outros.
São 328 unidades, de um e dois quartos, construídas no alto de uma colina, todas voltadas para a Baía da Guanabara, sobre pilotis. O destaque da construção está na planta serpenteada do edifício que acompanha o terreno.
A celebração internacional da arquitetura brasileira e o importante papel que o Pedregulho assumiu enquanto bem cultural legitimada por gerações de estudiosos, não fez com que diminuíssem as tensões e as dificuldades na Prefeitura para sua finalização. O grande impasse era o seu elevado custo e a impossibilidade de resolução do problema da falta de moradias com conjuntos no padrão de sofisticação do Pedregulho.
Inaugurado em 1950, sofreu grande deterioração nas décadas seguintes, até que o processo de restauração se iniciasse, no ano 2000. A restauração só foi concluída uma década depois.