Lançado em dezembro de 1870, o jornal fluminense “A República” iniciou suas atividades com a publicação do Manifesto Republicano. O texto era assinado por mais de 57 nomes, dentre eles membros dissidentes do Partido Liberal, que incluíam políticos, comerciantes, fazendeiros e profissionais liberais, como Aristides Lobo e Lafayette Rodrigues Pereira.
O manifesto endereçava críticas ao regime monárquico e propunha uma República Federativa, em que prevaleceria a soberania do povo. Quintino Bocaiúva e Joaquim Saldanha Marinho, fundadores do Clube Republicano no Rio de Janeiro, lideravam os signatários do manifesto e coordenavam o jornal. As publicações antimonárquicas do jornal A República, muitas delas assinadas por seus fundadores, provocaram seu empastelamento por monarquistas, cerca de três anos após sua fundação. A prática do empastelamento de jornais, em geral, consistia na destruição de seus equipamentos ou edificações.
Era fevereiro de 1873 e, na sede do jornal na rua do Ouvidor, reuniam-se intelectuais e jornalistas a fim de comemorar a proclamação da República da Espanha. A celebração tomou conta do edifício, ornado com bandeiras republicanas. Suas janelas e sacadas vibravam ao som dos entusiastas de Emilio Castelar, líder dos republicanos espanhóis. Quintino Bocaiúva iniciava um discurso, logo interrompido por vivas à monarquia, quando teve início o ataque. Por horas, o jornal foi alvo da depredação que deixou suas janelas quebradas e as bandeiras rasgadas.
“A República” influenciou a fundação de várias agremiações e jornais republicanos em outras partes do Brasil, marcando o contexto político e intelectual do período anterior ao fim da monarquia.
Este texto foi elaborado pela pesquisadora Helena Gomes do Projeto República (UFMG).