Os anos iniciais do século XVIII foram conturbados na Europa: a Guerra de Sucessão Espanhola colocou grandes potências colonizadoras em conflitos que acabaram repercutindo nas colônias. Quando Portugal se posicionou contra a França no tabuleiro de poder europeu, as possessões lusas não escaparam aos ataques franceses que visavam – além da demonstração de poder naval e militar – à riqueza das colônias portuguesas. Em 1710 e 1711, o Rio de Janeiro foi alvo de duas invasões, motivadas pela cobiça ao ouro encontrado, no fim do século XVII, na região do atual estado de Minas Gerais.
A primeira aconteceu em setembro de 1710, quando o corsário e oficial da marinha francesa Jean-François Duclerc comandou suas tropas com mais de mil homens em direção ao Rio de Janeiro, onde o ouro era estocado antes de partir para Portugal. Para evitar as fortalezas da baía de Guanabara, Duclerc e seus homens aportaram na praia de Guaratiba e foram a pé até a entrada da cidade, onde foram atacados por tropas defensoras que reuniam estudantes do Colégio dos Jesuítas, milicianos, escravizados e militares. A defesa foi comandada por 3 homens: o governador Francisco de Castro Morais, o frei Francisco de Menezes e Bento do Amaral Coutinho, que deram fim à invasão. Resultado: os poucos sobreviventes franceses foram presos, dentre eles, o próprio Duclerc.
A vitória das tropas coloniais rendeu louvações à conduta dos homens que organizaram e lideraram a luta contra os invasores. O governador Castro Morais saiu da batalha como herói pela sua bravura e foi agraciado com status nobiliárquico. Em março de 1711, meses depois de sua prisão, Duclerc foi assassinado em seu cativeiro.
A nova investida, porém, não tardaria. Em 12 de setembro de 1711, cerca de 16 navios comandados pelo corsário René Duguay-Trouin, aproveitando-se de forte neblina, adentraram a baía de Guanabara. Mais experiente que Duclerc e com o apoio do rei Luís XIV, Trouin logrou sucesso em sua empreitada, e o Rio seria sequestrado e submetido ao seu controle por 2 meses.