Quem chega à Praça Mauá se deslumbra com os contrastes arquitetônicos entre o Museu do Amanhã, o MAR (Museu de Arte do Rio) e o Edifício Joseph Gire, mais conhecido como Edifício A Noite. É um museu a céu aberto com todos os estilos arquitetônicos que fizeram história na cidade.
O olhar, entretanto, se fixa no grande edifício da Praça. Construído na década de 1920, entre 1927 e 1929, foi durante algum tempo o prédio mais alto da América Latina, inaugurando o que na época se chamou de “arranha-céu”. São 24 andares em estilo art déco, com forte presença dos princípios construtivos da Escola de Chicago e com um terraço que apresenta um cenário especial da baía da Guanabara.
“Era – para quem desembarcava no porto do Rio de Janeiro depois de 1930 – a primeira incontornável referência visual. O grande edifício […] era a prova de que a cidade afamada por sua beleza natural tinha também outras credenciais para apresentar-se como um centro urbano moderno e civilizado.” (Trecho do parecer de Marcos Castrioto Azambuja sobre o tombamento do Edifício Joseph Gire).
Construído no terreno onde antes funcionava o Liceu Literário Português, o “A Noite” adquiriu seu nome popular, justamente, porque quando foi inaugurado, em 1929, abrigava a sede do Jornal A Noite – periódico fundado em 1911, por Irineu Marinho. O letreiro do jornal, fixado nos andares mais altos do prédio de 22 andares, acabou caracterizando a construção, que foi projetada pelos arquitetos Joseph Gire – que também projetou o Copacabana Palace e o Hotel Glória – e Elisiário Bahiana, em estilo art déco e erguida em concreto armado.
O edifício é um marco da arquitetura moderna no Rio. Após sua construção, a cidade passou por um processo de verticalização que mudou sua paisagem. Até a construção do A Noite, os prédios da av. Central – atual Rio Branco – possuíam até, no máximo, oito pavimentos. Era do mirante, no terraço do edifício com mais de 100 metros de altura, que se conseguia uma vista privilegiada da cidade e da baía de Guanabara.
O A Noite também já foi um dos focos da boemia nos anos iniciais do século XX. A partir de 1936, a então recém-inaugurada Rádio Nacional ocupou o edifício. Nomes como Emilinha Borba, Dalva de Oliveira e Cauby Peixoto brilharam nos corredores da Rádio, que ficou ali até 2012.