Impossível resumir a história do Palácio Monroe em poucas linhas. Sua existência foi, sob muitos aspectos, extraordinária. A começar pelo nascimento. Sua gênese, afinal, foi a imponente e sofisticada estrutura em aço que o Brasil apresentou na Exposição Universal de Saint Louis, em Missouri, nos Estados Unidos, em 1904, e que ganhou o Prêmio Mundial de Arquitetura. Era a primeira vez que um trabalho arquitetônico brasileiro recebia um reconhecimento internacional de tanto vulto.
Essa estrutura metálica foi toda desmontada e trazida para o Rio de Janeiro, peça a peça. O Palácio de São Luiz, como era chamado, foi então remontado no fim da avenida Central, hoje avenida Rio Branco, o ponto mais nobre da cidade na época. A inauguração foi concomitante à abertura da 3ª Conferência Pan-Americana, em 1906, à qual serviu de sede. Sua suntuosidade e beleza ganharam o centro das atenções. Por sugestão de Joaquim Nabuco, teve o nome substituído para Palácio Monroe, numa homenagem ao presidente americano James Monroe. Sua fachada em estilo eclético compunha um conjunto arquitetônico com o Teatro Municipal, a Biblioteca Nacional e a Escola de Belas Artes (hoje Museu Nacional de Belas Artes), formando o quadrilátero da Cinelândia.
Nas décadas que se seguiram, o Palácio Monroe foi palco para algumas das mais importantes instâncias de poder do país. Abrigou a Câmara dos Deputados, o Senado Federal e o Tribunal Superior Eleitoral. Serviu como centro de convenções, salão de festas oficiais e espaço de velórios de personalidades da época. Também se consolidou como um dos principais cartões-postais do Rio de Janeiro. Estampava porcelanas, caixas de joias, tinteiros, souvenirs e papéis de carta. Ilustrou ainda a cédula de 200 réis, emitida em 1919.
Durante a ditadura brasileira, o Palácio Monroe passou a ser alvo de críticas. Foi um tempo, afinal, em que a busca pela ideia de progresso, com sua sanha modernizadora, poderia se impor — em geral, de forma autoritária, como praxe em governos militares — a valores históricos e artísticos. Os defensores de sua destruição alegavam que o edifício atrapalhava o trânsito e que ia contra as convenções estéticas da época. Reza a lenda que o próprio presidente Ernesto Geisel era um defensor da demolição do Palácio Monroe, o que de fato ocorreu, em 1976, para pesar de parte da população, num ato que é visto por muitos historiadores e urbanistas como um crime contra o patrimônio histórico e artístico e contra a memória afetiva dos cariocas.
Hoje, o local é ocupado por um chafariz de onde não costuma jorrar água e por um estacionamento subterrâneo explorado por uma empresa privada. Quem passa por ali não vê qualquer vestígio do palácio que foi palco de tantos acontecimentos políticos. Sua história, porém, tem sido resgatada por narrativas como a do documentário Crônica da demolição, com roteiro e direção de Eduardo Ades.