Tião Vida Real, coordenador de projeto social

A vida de Sebastião Antônio de Araújo daria um filme. Nascido no Morro do Turano, foi com 4 anos para Nova Holanda, por volta de 1967. Morou um tempo na Rubem Vaz e atualmente dirige um projeto social para jovens da Maré. 

Tião trabalhava como inspetor escolar de um colégio na Maré, quando uma equipe de documentaristas o encontrou e o incentivou a realizar um seu plano de ajudar jovens da Maré. Tião organizou o Instituto Vida Real em 2004, com cursos de reforço escolar, informática e encaminhamento para empregos. Para Tião, houve mudanças importantes ao longo dos últimos anos, que o fazem sentir orgulho de morar na Maré:

Nós, como moradores da comunidade, não podíamos dizer que morava na comunidade quando ia procurar um emprego. Hoje você vai procurar um emprego, você coloca no seu currículo: Maré. Ainda tem pessoas que colocam Bonsucesso, mas não é. É Maré! Maré é um bairro! Mas antigamente a gente colocava… Rua Teixeira Ribeiro, sem número, Bonsucesso. Porque se a gente colocasse que a gente morava na Nova Holanda, poderia ter 10 vagas, você não conseguia a vaga. Hoje já é diferente, você coloca, porque muitas pessoas entenderam que nem todos que moram na comunidade, são o que não presta. Nós temos menos de meio por cento de pessoas que vivem em situação ilícita. É menos de meio por cento. (…) O meu maior desejo para a Maré, é que a sociedade nos enxergue de igual para igual. Por que o Vida Real – eu prezo muito por isso – somente contrata pessoas da própria comunidade? Porque a mídia já diz que nós, aqui da Maré, que aqui dentro nós só temos o que não presta. A mídia não diz que aqui, dentro da Maré, nós somos uma das comunidades com o maior índice de universitários do Rio de Janeiro. Eles não falam isso. Então, uma vez que eu contrato uma pessoa de fora, eu tô alimentando o que a mídia diz da gente. Então, que a mídia nos enxergasse de forma igual, esse é o meu maior sonho.