Vanda Pereira da Silva, moradora da Nova Holanda

Vanda Pereira nasceu no Catumbi, filha de migrantes nordestinos. Veio para a Nova Holanda em 1968, ainda criança, e ao longo de sua vida militou em diversas frentes na Maré. Formada em pedagogia, atuou em creches e na alfabetização de adultos na Maré, em movimentos pela saúde e meio ambiente através do Maré Limpa, atuou na Associação de Moradores e Amigos da Nova Holanda, na Redes da Maré, entre outras organizações. Vanda demonstra muito carinho pela Maré, mas seu depoimento é marcado pela saudade de tempos mais tranquilos: 

A Maré, eu basicamente nasci aqui. Na minha família, que tinham 10 pessoas, a maioria foi criada aqui. Então a gente podia brincar na rua. Brincava, dava volta, essas brincadeiras de lata. A gente podia circular à vontade, e outra coisa, as pessoas se conheciam, iam para a casa umas das outras. E eu vi muita coisa acontecer aqui, muita coisa boa, coisas ruins, também. Mas a gente tinha muitos amigos aqui, ainda tenho alguns, mas muita gente foi embora. (…) Porque até hoje eu não fui embora daqui, e de vez em quando, eu começo a pensar em ir. A questão da violência, eu acho que eu mudaria. O que eu acho que é um pouco impossível. Porque o tráfico tá aí, está posto e não vai arredar o pé, de lugar nenhum. A proposta é fazer coisas mais interessantes, porque eu me preocupo muito com os jovens daqui. Porque eles são enredados nessa coisa e acabam… eu tenho tanta raiva dos moleques que ficam na minha rua perturbando, usando droga, gritando. Mas, ao mesmo tempo eu fico tão apreensiva, pedindo a Deus para tirar, para aparecer alguma coisa que venha tirar eles desse caminho.