A Pequena África é atlântica

O Rio de Janeiro na primeira metade do século XIX era uma cidade cheia de africanos de diferentes origens. O que foi percebido e narrado nos relatos dos viajantes da época era um espetáculo cotidiano de africanidades circulando e marcando presença, sobretudo nas ruas próximas ao porto e ao centro da cidade. Tudo isso estava relacionado à escravidão e à intensidade da atividade do tráfico atlântico de africanos trazidos cativos para o Brasil, sendo então o Rio de Janeiro o principal porto de entrada. Especialmente durante as três primeiras décadas do século XIX, a cada semana, ou a cada mês, dependendo da demanda, chegavam embarcações da África com mais pessoas, o que impregnava a vida da cidade com sua humanidade. Ainda que fossem nomeados e tratados como mercadoria, nelas nunca se transformaram, e imprimiram sua cultura no mundo que os cercava.