Uma ruela entre a avenida Princesa Isabel e a Prado Júnior, meio oculta no trecho mais fervilhante de Copacabana, debruada por convidativas portinholas de botequins. O Beco da Fome começou sua fase áurea nos anos 1950, oferecendo um cardápio eclético e de preços módicos, para aplacar a larica dos boêmios que frequentavam a enorme gama de inferninhos, boates chiques, convescotes, shows e maratonas etílicas do trecho do bairro conhecido, não à toa, como Zona do Agrião.
Durante toda a madrugada, aportavam aos bares do Beco da Fome uma sorte infinita de estudantes, artistas, prostitutas, michês, policiais, figuras ilustres e gente humilde, boêmios e trabalhadores do pedaço, numa espécie de Triângulo das Bermudas carioca. A cerveja gelada acompanhava o cardápio, em que o caldo verde, a sardinha e o macarrão eram estrelas finalmente redimidas.
Com o tempo, a área foi bastante modificada, e do Beco da Fome original não sobrou nada. Mas em sua antiga entrada há, hoje, um restaurante que leva seu nome.