Apesar do centro financeiro e institucional das artes visuais terem em São Paulo seu principal espaço de referência e circulação – com galerias como Fortes Vilaça, Luisa Strina, Nara Roesler e Vermelho ou instituições como a Bienal – é no Rio de Janeiro que os artistas de maior destaque internacional do país têm seus ateliês.
A partir do século XXI, a relação da arte de países em desenvolvimento (ou “periféricos”, como se passou a dizer) com os grandes centros mundiais muda substancialmente. Os discursos sobre a produção e suas referências históricas como “nacional” ou “latino-americano” também sofreram alterações. Afinal, mesmo que a circulação da obra de arte seja mundial, a marca local do artista e sua perspectiva político-cultural a respeito de sua cidade, região ou país não se apaga. Cidades contemporâneas como o Rio são, cada vez mais, espaços de exercício entre o esvaziamento e o acirramento das situações locais frente às demandas globais da arte e dos novos sujeitos culturais que surgem no período. O dado local se transforma em componente crítico, em ferramenta de alargamento do universal, e não em gueto redutor de “purezas” ou folclores.
Nesse contexto, ocorre nos anos 2000 o crescimento internacional (seja comercialmente, seja artisticamente falando) de uma série de artistas como Beatriz Milhazes, Ernesto Neto, Adriana Varejão ou Luiz Zerbini. A circulação crescente desses trabalhos feitos no Rio de Janeiro através de exposições – coletivas e individuais – é reforçada por retrospectivas ou exposições consagradoras de alguns dos grandes nomes nacionais do século XX, cujos ateliês e trajetórias também estão ligados à cidade. É o caso de Cildo Meirelles, Ana Maria Maiolino e Tunga.
Esse cenário fez da cidade um espaço de renovação em que novos museus – como O Museu de Arte do Rio (MAR), localizado no coração da Praça Mauá – ou novos eventos – como a Feira Art Rio – passassem a crescer. Ter o cotidiano criativo desses artistas internacionais na cidade transforma os artistas cariocas em artistas do mundo, como é o caso de Maxwell Alexandre, nascido na comunidade da Rocinha e incorporado nos grandes centros internacionais da arte.