Em 11 de agosto de 1903, funcionários da Fábrica de Tecido Cruzeiro, no bairro do Andaraí Grande, entraram em greve por melhores condições de trabalho. Nos dias seguintes, operários por todo o Rio de Janeiro foram aderindo ao movimento, que durou 26 dias. Em solidariedade, trabalhadores de outras categorias, organizados em diferentes associações, também pararam as máquinas.
O episódio ganhou o aspecto de uma greve geral, em função de certas reivindicações comuns. Entre elas, a redução da jornada de trabalho para oito horas diárias e o aumento de 40% nos salários. Segundo o Sindicato de Trabalhadores em Fábricas de Tecidos, cerca de 40 mil operários (25 mil tecelões) cruzaram os braços nas zonas norte, sul e centro.
A greve repercutiu na imprensa, que noticiou o dia a dia das mobilizações. O chefe de polícia do Rio de Janeiro, Cardoso de Castro, tratou os trabalhadores como “desordeiros”, fazendo uso da violência para conter as grandes proporções adquiridas pela greve. O abuso de autoridade gerou confrontos com trocas de tiros, disparos de bombas e muitas prisões, principalmente, nas proximidades das fábricas.
Diante da resistência dos grevistas, o Exército e a Marinha foram acionados. A ordem era obrigar os trabalhadores a voltarem aos seus postos de trabalho. As vilas operárias foram invadidas, quem estava em casa foi levado preso para as fábricas. Mesmo não conquistando suas reivindicações, a Greve Geral de 1903 foi fundamental para o fortalecimento da luta pelos direitos dos trabalhadores.
Esse texto foi elaborado pelo pesquisador Bruno Viveiros Martins do Projeto República (UFMG).