Em 1964, os militares, associados às elites civis – empresários, intelectuais e políticos de direita -, levaram a cabo um golpe que instaurou a ditadura civil-militar no país por 21 anos. João Goulart (PTB), herdeiro político de Vargas e presidente após a renúncia de Jânio Quadros, lidava com forte oposição da UDN e com a perda de apoio de partidos aliados no Congresso, por conta de suas políticas trabalhistas e propostas de reformas de base.
Sem o respaldo do Congresso, Jango buscou apoio popular: em 13 de março de 1964, reuniu 200 mil pessoas no Comício da Central do Brasil. Na ocasião, o presidente anunciou a assinatura de dois decretos: um de desapropriação de áreas ao longo de ferrovias, rodovias, zonas de irrigação e açudes (Supra), e outro, de retomada de posse, pelo governo, das refinarias particulares de petróleo.
Dois dias depois, Jango encaminhou uma mensagem ao Congresso, defendendo mudanças no texto da Constituição de 1946 e solicitando mais poderes para o Executivo, o que causou grande desconfiança. Parlamentares, imprensa e a opinião pública se uniram e, em 19 de março de 1964, uma multidão saiu da praça da República em direção à praça da Sé, em São Paulo, na famosa “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, em resposta ao Comício da Central ocorrido dias antes no Rio.
O governo estava enfraquecido, enfrentava uma grave crise econômica (alta inflação e decréscimo do PIB em 1963) e não tinha apoio político. Assim, na madrugada de 31 de março, as tropas comandadas pelo general Olympio Mourão Filho partiram de Juiz de Fora (MG) em direção ao Rio, iniciando o mais longo período ditatorial da história republicana do país.